Eira XLIV : A sementeira
A sementeira
*
Seus dous dentes de fame,
mordem a terra ázeda.
Bocados de enxebre sacho
som sulcos da sementeira.
Botam as mans nos fondos regos
umas miguinhas de esterco,
maila sombra dum lombo
e um anaco de pataca.
Enterra-se a alma duma planta
de jeito seco i enrugado,
para que lhe nasçam as flores
e germine a vida de novo.
Sendo um ciclo interminável
que há entre a terra e o ceo,
entro que nasce e o que morre,
entre a fame e o alimento.
Novos germens que ham de furar
a terra em busca de luz
e pregando pola choiva
para poder medrar feliz.
Fazer feliz ao labrego
que no tempo da colheita
vaia sua adega enchendo
pra passar um novo inverno.
☆
Moradelha editora

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