Eira XLVI : Tremor
Tremor
*
Mistérios da noite no Val da Cavada,
cum aire de entroido na Presoria ;
ao quente do lume, o tempo moi frio.
Abaneam pinheiros na cima da serra.
As aves noturnas toleam em voo.
Nom hai quem durma com tantíssimo berro.
O gando já cheira que há mover-se a terra.
Començam as campás soas a soar.
Repicam, redobram por todo o val.
O sacristam descaido, reza o rosário;
recolhido na lareira do enxebre bar;
cantam com el quatro feligreses.
Corre um cam pola Moradelha abaixo,
fuge co instinto animal, ouveando escapa.
Sinte-se un trono em baixo da terra.
Fai-se de dia cum siléncio mortal.
☆
Moradelha editora
Comentarios
Publicar un comentario