Eira XXVI : Terra azeda
Terra azeda
*
A minha terra é azeda
e o meu coraçom amargo,
e tenho o peito fervendo
cumhos sonhos esquecidos.
Terra cos dentes queimados
de quando a aravam as vacas,
que dabam leite sudado,
de tanto turrar do carro.
É cheia de campos ermos
e de caminhos com silvas.
Já no há quem acaroe
o seu rebentado alento.
Nom há quem lhe bique as flores
das beiras dos seus valados.
Nom há quem a modo a pentee,
nim qem por ela se canse.
A nossa terra está espida,
sem as flores de carvalha,
nom tem herdades de milho
nim tem pericas pacendo.
Já ninguem lava no rio,
onde nom se dá chegado.
Já ninguem vai cortar tojos,
pois escusa cama o gando.
A minha terra é azeda
polo suor dos seus labregos,
que agardunharom-lhe os eidos,
pra nom vivir na miséria.
Chancos fundidos na lama,
turando por uma canga,
rodava um carro e o gando,
cuma agilhada de mando.
🌟
Moradelha editora
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