Eira IXX : Voo da ánima

 
Voo da ánima


1
Um vento vagabundo
soprando com rajadas,
que nom sabe se assubiar
ou mantenher-se em calma.

2
Coraçom latejando,
que subido de tono
vai desacompassado,
repenica no peito.

3
O alento já cortado,
e a ánima penando
loita co raciocínio,
que é indominável.

4
Um repouso imposível
de amor incomprensível,
do ideal sempiterno,
onírico desejo.

5
Vento morno ladeado,
que súpeto é frio,
subindo polos meus pés,
refrescando-me o corpo.

6
Arrepiado já o peito
e já todo relumbra,
há luz arredor de mim
e eu quedo sem forças.

7
Forças que nom preciso,
já nom peso, flutuo
e fico-me geado,
som fume congelado.

8
Já som nuve de vapor,
estoupou-me a ánima,
agora sem ver vejo 
e já vejo sem mirar.

9
Já cos olhos pechados
vejo correr o Mundo,
diante de mim passando,
mais o tempo nom passa.

10
Ja passam os músicos
e vam passando os verbos.
O tempo está detido,
já caminha o siléncio.

11
Já bico o Universo
tam belo e infinito,
algo inimaginável,
som maravilhas sem fim.

12
Já habito no destino,
por fim cheguei a Itaca,
estou na Moradelha,
eu já moro no meu Lar.

🌟





Moradelha editora




Comentarios

Publicacións populares deste blog

Eira XLVI : Tremor

Eira XLVII : Primeira feira

Eira L : Hélio e Carina