Eira XVIII : Branco amor
Branco amor
1
A branca neve, a branca paz
e o branco filho do Mundo,
tam fermoso.
Branca alegria dum rapaz
co seu coraçom espido,
e ditoso.
2
Branco pam de cada dia,
de branca milha farinha,
quem m'o dera.
Que a sede coa tua ambrosia,
pra saciar a boca minha,
quem poidera.
3
Branco luar no alto de Trelle
que vé fumegar o meu lar,
alumiando-o.
As luzinhas de Cartelle,
ao longe semelham um mar,
latejando.
4
A primavera de jasmins,
de rosas brancas luzindo,
na portelha.
Cheios de cores os jardins,
pouco a pouco vam saindo,
em parelha.
5
Há nuvens brancas no ceo,
no ar bolboretas brancas
e cheira ao mar.
Sentado, meu libro leio,
no meu corredor com dous cás,
no calcanhar.
6
Branca luz que sae das augas,
relumbra em arcos da velha,
meu coraçom.
Sentado nas tuas enáguas,
sintindo essa maravilha,
minha beiçom.
7
Alá na Pedra furada
ve-se a silhueta do Mundo,
como um tigre.
No clarom do luar deitada,
a minha meninha espida,
meu milagre.
8
Ouveando-lhe ò Sol a loba,
ardendo o ceo em Novelle,
arde o Mundo.
Aparece coa lua nova,
nascendo no alto de Trelle,
Nai sorrindo.
***
Moradelha editora
Comentarios
Publicar un comentario