Eira LI : Olas, ulas olas ?
Olas, ulas olas ? * Cem anos já sem lumes, sem brasas, nem de carrejar carros de lenha. Esses velhos fornos abandoados som anacos de velhas histórias. As olas da nossa geologia, símbolos da nossa enxebre terra. Nais das argilas, nossas mans. Terra velha em naquinhos. Arumes de carvalhos e fumes de pinheiros. Cortiças de sobreiro e galhas de salgueiros. Raíces do tojo arnaz, das árvores, galheiros. Nossos antepassados, raíces fermosas e recordos. Olinhas de auga e de vinho, olas dos suores queimados nas fadigas dos labregos. Horas de corpos atiçadores. Olas que deram de beber, enchidas de pingas da vendima, nos eidos dos caminhos de lama. Cuncas feitas cos bosques ardendo. As mans amassadoras da terra, ferramenta dos dignos poteiros. As louças herdadas das avoas, mailas suas receitas conservadas. Amanhecerá das vossas ruínas o arte enxebre i espiritual, um filho dos nossos eidos, cozido coa terra milenária. Relíquias que lembrarám à vida humilde, sacrificada. Terra que falar...