Eira XVI : Campá de cristal

Campá de crista l Meninha de Deus 1 Encolhida numha campá de cristal, tapava coas mans as suas duas orelhas, pois tinha os seus tímpanos rebentados de tanto ouvir conselhos. 2 A cabeza ardendo polos recordos, a coitada pedia socorro ao ceo. Como lamentos voavam as bágoas na casinha de cristal. 3 Loitando a berros e choros coas ondas, esperava um milagre, alí pechada, que lhe devolvera as suas arelas e as suas ás nas costas. 4 Apareceu como vento de estrelas uma fermosa folha de aziveira, que tinha as suas beiras coma diamantes, e cor da esperança a pel. 5 Furando a campá, sem a rachar sequer, sete puntas, sete agulhas brilhantes, folha de azivre com lume amarelo, pousou-se-lhe no peito. 6 Ela liberou as mans dos ouvidos, dando-lhe entom à folhinha agarimo, deixou de escuitar aqueles sonidos, cum siléncio harmonioso. 7 Ao parar aquel horrível tormento, a campá de cristal volveu-se de ouro, dando a volta em redondo coma cunca, sem mover a meninha. 8 Dum divino ninho, El...